Descrição
Parting from a phenomenological description of the performance SOB Medida, which exposes on stage two heavy female bodies, this paper discusses how in this choreography its performative and discursive dimensions intersect each other in the defense of the existence of a heavy female body. It asks to what extent the directing of the spectators’ attention now to its physical dimension, now to its social dimension destabilizes and denaturalizes the relation between both. It affirms that this criss-crossing of focus in SOB Medida forms a critically festive celebration of the human body as an any-body, but also a singular body, a being-such, in a movement that can be read as a defense of a political identity as action, but emptying it as a substantial category. Finally, parting from the reflection of Italian philosopher Giorgio Agamben on the existence of a radical hospitality written into this singular being-such, the paper reads the alternation between performative and discursive aspects in the bodies’ interactions on stage as a metaphor able to evoke, materialize and explore the potentials of a coming community that Agamben’s thinking points at.
Keywords: Cacomorphobia – Performative Corporality – Discursive Corporality – Community – Agamben||A partir de uma descrição fenomenológica da performance em dança SOB Medida, um trabalho que expõe dois corpos femininos gordos em cena, o presente ensaio discute como nessa coreografia se cruzam dimensões performativas e discursivas na defesa da existência de um corpo feminino gordo, e pergunta até que ponto o direcionamento da atenção dos espectadores ora para a dimensão física ora para a dimensão social desestabiliza e desnaturaliza a relação entre ambos. Afirma que esse cruzamento em SOB Medida configura uma defesa criticamente festiva do corpo humano como um corpo qualquer, mas singular, num movimento que pode ser lido como defesa de uma política identitária enquanto ação, mas esvaziando ela enquanto categoria substancial. Finalmente, a partir da reflexão do filósofo italiano Giorgio Agamben sobre a existência de uma hospitalidade radical inscrita nessa qualqueridade singular, o texto lê a alternância entre traços performativos e discursivos na interação dos corpos em cena como metáfora capaz de evocar, de materializar e de explorar as potencialidades de uma comunidade por vir à qual alude Agamben.
Palavras-Chave: Gordofobia – Corporeidade Performativa – Corporeidade Discursiva – Comunidade – Agamben
