Descrição
Rosangela Rennó’s photographic exhibition Cicatriz (Scar) (1996) introduces a disturbing search into the House of Detention’s photographic collection, in São Paulo. The institutional files looks like a stagnant combination of inertia and both official and group stigma until the moment when Rennó seeks the affection, the poetry, the sign’s revolt and resistance that can denounce a muted Other. The photograph, then, reveal the cultural tissue which previously could not be named: the previously misty image begins to work in an area of repression, open in its distressing condition that erases the boundaries considered rational and homogeneous. A harrowing set of prisoner’s tattoos is presented and demonstrate the painful writings of a subordinate Self. From the deconsecration of the photographic mirror a land is opened for the reading of epithelial texts healed as discourses anointed in marginal flesh.||A exposição fotográfica Cicatriz (1996), de Rosangela Rennó, introduz uma inquietante pesquisa no acervo fotográfico da Casa de Detenção (SP). Os arquivos institucionais se encontram como um estagnado conjunto de estigmas oficiais e grupais, até o momento que Rennó procura a afetividade, a poesia, a revolta e a resistência dos signos que podem denunciar um Outro silenciado. A fotografia, então, revela esse tecido cultural que antes não se podia nomear: a imagem, antes enevoada, começa a trabalhar numa área de recalque aberta na sua perturbadora condição de rasurar os limites tidos como racionais e homogêneos. Sobrepõem-se um pungente conjunto de tatuagens de detentos que evidencia doloridas escritas de um Eu subalterno. A partir da dessacralização do espelho fotográfico, abre-se terreno para a leitura de textos epiteliais cicatrizados enquanto discursos ungidos na carne marginal.