Descrição
A world of medieval shine, expanded in violent, animalistic, monstrous acts of the Self: this is how unveils the narrative of the prize-winning novel the remorse of baltazar serapião (2006), by the Angolan writer Valter Hugo Mãe. With an unmistakable style conducted by the refusal of capital letters and formal punctuation models, the author applies a dense, oral narrative, embedded with carnal, primitive senses of language. Monstrosity dominates the actions of the protagonist, baltazar, from the physical/psychological deconstruction of his lady up until the misogynist concept that trespasses the saga – as well as the tyranny of his father against his own mother. Indeed, a paradoxical “misogyny”, since the I-narrator does not destroy only the feminine, but the humanity code that conceives each one of the characters. Witches, Lords, and the dammed: all partners in the convulsive dance opposed to fertility and resistance of the Being.
||Um mundo de rutilância medieval, dilatado nos atos violentos, animalescos e monstruosos do ser: assim se revela o remorso de baltazar serapião (2006), premiado romance do escritor angolano Valter Hugo Mãe. Com estilo inconfundível pela recusa às iniciais maiúsculas e aos moldes formais de pontuação, o autor trabalha com uma narrativa densa, repleta de oralidade, cravada em carnais, primitivos sentidos da linguagem. A monstruosidade impera nas ações do protagonista, baltazar, desde a desconstrução fisionômica/psicológica de sua amada à concepção de misoginia que transpassa a saga – bem como na tirania de seu pai contra sua própria mãe. ‘Misoginia’ como paradoxo, uma vez que o eu-narrador não destrói apenas o feminino, mas o código de humanidade que habita cada personagem. Bruxas, reis, fidalgos e os desgraçados: todos parceiros na dança convulsiva contrária às leis de fertilidade e resistência do Ser.