Descrição
Pensar a tradução como um perpassar e vivenciar por duas (ou mais) línguas significa mergulhar no vórtice que esse próprio ato produz. Traduzir – como teóricos, poetas e escritores já colocaram, dentre eles Italo Calvino – é o melhor modo de se ler um texto, pois o tradutor não tem o álibi do leitor comum, que pula as partes mais elípticas sem grandes preocupações. Refletir sobre um texto, por meio dessa confluência, significa escolher instrumentos e potências para adentrar, penetrar e fazer (per)viver o corpo e a voz do poema – mesmo que com alguns desvios. Nessa perspectiva, entende-se o gesto de tradução como um acontecimento no espaço do “entre”, uma experiência que se dá na-da-pela-língua e, portanto, um lugar de alteridades e de eticidade. A discussão será proposta através da tradução de um recente poema de Enrico Testa, uma das vozes mais representativas da poesia italiana contemporânea, publicado no volume Cairn, em 2018.