Descrição
Já foi muito comentada no Brasil a presença do poeta italiano Giuseppe Ungaretti, que viveu no país de 1937 a 1942, como professor da recém-fundada Universidade de São Paulo. Suas relações com os poetas da vanguarda brasileira que ele conheceu em São Paulo no final dos anos 1930 e com os artistas das vanguardas francesas, que encontrara em Paris nos anos 1920, constituem um intrincado e rico campo de associações, assonâncias e dissonâncias. A poesia de Ungaretti nasce entre as influências parisienses e as do contemporâneo futurismo italiano; analogamente, há sólidos vínculos entre a arte e a cultura brasileiras e esses mesmos movimentos. Na França e no Brasil se encontram, em momentos diferentes, Ungaretti e Blaise Cendrars; Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Cendrars; Ungaretti, Oswald e Haroldo de Campos. O próprio Haroldo de Campos escreve estudos fundamentais para a interpretação da obra de Oswald de Andrade e traduz e comenta a poesia de Ungaretti. Destaco, nesse campo de relações ítalo-franco-brasileiras, alguns temas comuns, enriquecidos pelas frequentações recíprocas desses poetas e artistas: as relações vanguardas e primitivismo, o contraste velho/novo, a ideia do Brasil.