Descrição
Este artigo apresenta algumas redes de relações imagéticas e rituais existentes entre aldeias mebêngôkre, continuando o trabalho de descrição e análise da produção cultural (e ritual) contemporânea desse povo indígena habitante da Floresta Amazônica e falante de uma língua Jê. Parte-se dos resultados obtidos em pesquisas já publicadas sobre a intricada relação entre a produção de vídeos e a produção ritual. Considerando que as tecnologias de reprodução de imagens foram apropriadas pelos Mebêngôkre há mais de três décadas, busca-se expor não apenas as características específicas dos circuitos imagéticos contemporâneos, mas também as especificidades do produto visual de maior circulação nessa vasta rede: as filmagens rituais. O objetivo deste trabalho é, portanto, duplo: demonstrar a importância da circulação de imagens entre as diferentes aldeias mebêngôkre e responder a pergunta sobre o porquê de serem as filmagens rituais os principais artefatos imagéticos que circulam nessa rede. Ao fim, propõe-se a ideia de uma ética transgeracional mebêngôkre presente na produção e circulação das filmagens rituais.||This article, presenting networks of imaginal and ritual relations among Mebêngôkre villages, continues the work of describing and analysing contemporary cultural (and ritual) production by this Jê-speaking, Amazon forest-dwelling, indigenous people. It thus builds on results obtained previously in published research on the intricate relationship between video production and production of ritual. Given that image reproduction technologies were appropriated by the Mebêngôkre more than thirty years ago, the intention is to reveal not only the specific features of contemporary imagery circuits, but also the specific characteristics of the visual product that circulates most in this vast network: filmed rituals. The dual aim of this work is thus to demonstrate the importance of the circulation of images among Mebêngôkre villages and to answer the question of why filmed rituals are the chief imaginal artefacts circulating in this network. Lastly, the article proposes the idea of a transgenerational Mebêngôkre ethic present in the production and circulation of filmed rituals.
