Descrição
Este texto é uma resenha em formato epistolar do livro recém-lançado A perda se si: cartas de Antonin Artaud (Rio de Janeiro: Rocco, 2017), cuja seleção, organização, prefácio e tradução são assinadas pela pesquisadora Ana Kiffer (tradução também de Mariana Patrício Fernandes). A obra integra a coleção Marginália, dedicada à publicação de suportes efêmeros à margem da literatura, como o nome sugere. Através de uma carta destinada a Artaud, assumo a voz de seus múltiplos interlocutores (editores, médicos, amigos, colegas e amores), a fim de trazer ao leitor nuances da voz e da dicção poética do artista em suas epístolas, datadas de 1923 a 1948, cujos elementos vocais ressoam como glossolalias, rugidos, gritos, xilofonias e verbos ritmados – enfim, rumores e ranhuras da linguagem. Como lastro teórico, convido Kuniichi Uno (1980; 2012) para permear esta conversação, de modo a compor uma trama (não) filosófica. A forma de carta da resenha ressalta o intimismo trazido pelo próprio livro, ao tempo em que revela o lugar de minha voz enquanto pesquisadora nesta e desta escrita.