Descrição
The representation of the feminine in the novel Os cus de Judas by the Portuguese writer António Lobo Antunes is provided from the point of view of Derridean spectropoetics, coupled to feedback and issues by feminist criticism. A detailed reading and analysis by Derrida (1994) on the spectrum motif revealed that the narrator-protagonist is a male haunted by images of the colonial war in Angola where he was one of the physicians in the Portuguese army, and of the women he met, his life from childhood till adulthood are catalyzed by his meeting with the female interlocutor, also a spectral figure who acts as his mirror in his war memoirs. Although essential to the literary work, it has been verified that, based on Garraio (2020), Kilomba (2019), Ribeiro (2019; 2020) and Zolin (2005) and others, women are reported in a reductional way, with a great number of extreme violence experienced by many of them in the narrator´s memoirs as a symbolic violence practiced by himself. ||O presente artigo consiste em uma análise da representação do feminino no romance Os cus de Judas, do escritor português António Lobo Antunes, sob a perspectiva da espectropoética derridiana, em articulação com as demandas e questões apresentadas pela crítica feminista. Este estudo revelou, a partir da leitura minuciosa do objeto em aproximação com a reflexão de Derrida (1994) sobre o motivo do espectro, que o narrador-protagonista da obra é um homem assombrado por imagens espectrais da Guerra Colonial em Angola, na qual ele serviu como médico do Exército português, e de mulheres que passaram por sua vida, da infância à fase adulta, sendo estas catalisados pelo encontro com sua interlocutora, também uma figura espectral e que atua como seu espelho, em uma explanação de suas memórias da guerra. No entanto, por mais que sejam essenciais na obra, verificou-se, com base nos trabalhos de Garraio (2020), Kilomba (2019), Ribeiro (2019 e 2020) e Zolin (2005), entre outros, que essas mulheres, em geral, são retratadas de formas reducionistas, desdobrando as situações de violência extremas vividas por muitas delas nas memórias do narrador em uma violência simbólica exercida pelo próprio.
