Descrição
n/a||The Grupo Cultural Afro NegrArte is a percussion band that, despite being located in the city of Rio de Janeiro, plays the repertoire of "blocos afro" from the city of Salvador. Founded in 2013, the group is led by Mestre Luís Celso, an experienced musician from Bahia who served as master in the major "blocos afro" of Salvador and whose musical skills range from playing the band's instruments, through composing complex percussive lines without using musical notations, to improvising. The starting point of this work is the identification of the band's "drama", that is, a series of interrelated demands that NegrArte must fulfill, sometimes collectively, sometimes individually, so as to continue existing. In order to give materiality to this object, I submit the individual experience of group members, as expressed in interviews, to critical theory's analysis of social structures built by the subjects, especially through the concepts of habitus and symbolic violence, both developed by Pierre Bourdieu. Besides, the concept of "ghetto", developed by Luïc Wacquant, is also used to give materiality and position geographically the demands that constitute the band's drama. Observations happened from September 2014 to October 2015, when I shared the group's joys and difficulties. I became an active musician among them. First, they taught me how to play the percussion. Later on the research, I started playing guitar and keyboard and assisting in the vocals. My participation helped me develop my research, since it made visible elements and issues that only musical practice could reveal. There were also issues related to the construction of African-Brazilian identity and its consequences, such as the possible relationships between music, cultural boundaries and ethnic identities. In addition, I present an analytical transcription of the main rhythms played by NegrArte during my observation period.||n/a||O Grupo Afro Cultural NegrArte é um conjunto de percussão que, apesar de situado na cidade do Rio de Janeiro, se dedica a tocar o repertório dos blocos afro de Salvador. Fundado em 2013, o grupo conta com a liderança de Luís Celso, um experiente músico baiano que atuou como mestre dos principais blocos afro de Salvador e cujas competências musicais vão desde a habilidade na prática dos instrumentos que compõem o conjunto até a capacidade de compor linhas percussivas complexas, sem ajuda de notação, e improvisar. O ponto de partida deste trabalho é a identificação do "drama", aqui tratado como um conjunto de demandas inter-relacionadas que o grupo Negrarte precisa atender, ora coletiva, ora individualmente, para continuar em atuação. A fim de conferir corpo a esse objeto, pretende-se parear a experiência individual dos integrantes do grupo, por meio de entrevistas, com as análises da teoria crítica sobre as estruturas sociais incorporadas pelos sujeitos, especialmente por meio dos conceitos de habitus e violência simbólica, ambos desenvolvidos por Pierre Bourdieu. O conceito de gueto, desenvolvido por Luïc Wacquant, é utilizado para conferir materialidade e posicionamento geográfico às demandas que formam o drama da banda. Durante a observação, ocorrida entre os meses de setembro de 2014 e outubro de 2015, pude conviver com esse grupo de maneira intensa, partilhando suas alegrias e dificuldades. Tornei me músico atuante do conjunto, inicialmente aprendendo com eles a tocar percussão; já no final do acompanhamento, passei a tocar violão e teclado e a apoiar a parte vocal do conjunto. Essa participação musical colaborou muito para o desenvolvimento do trabalho, na medida em que explicitou elementos e questões que só a prática musical pode revelar. Todas essas reflexões são atravessadas por questões relativas ao processo de construção das identidades afro-brasileiras e pelas implicações daí advindas, tais como as relações que se podem estabelecer entre música, fronteiras culturais e identidades étnicas. Ao final, apresenta-se ainda uma transcrição analítica dos principais ritmos tocados pelo grupo NegrArte durante o período em que acompanhei suas atividades.
